Preenchendo o questionário para meu checkup anual percebi que, felizmente, meu nível de estresse anda sob controle. Com frequência vejo pessoas sofrendo com burnout, insatisfeitos com sua qualidade de vida e doentes, sem perceber que o maior culpado por isso é o trabalho. Tenho sorte de não estar entre eles. Mas será que é sorte?

Anos atrás eu tomei a decisão de que meu trabalho não mais me definiria. Não foi uma decisão fácil ou tomada espontaneamente. Foi fruto de uma demissão que, por mais humanizada que tenha sido (um divórcio amigável), deixou profundas marcas. Eu não era mais a Gabriela da empresa X. Era ‘só’ a Gabriela. Foi muito difícil perder uma parte tão grande da minha identidade. Eu nem imaginava quão grande era, até ser incapaz de me descrever sem começar pelo meu cargo e a empresa em que trabalhava. Mas neste momento tão sensível, encontrei numa ex-chefe um apoio gigante e num processo de coaching ontológico aprendi a ver a mim mesma e ao meu trabalho sob uma perspectiva diferente.

Isso não quer dizer que milagrosamente tudo mudou. No meu emprego seguinte, me vi numa situação muito estressante, que me deixou doente, até com suspeita de esclerose múltipla – felizmente não confirmada. Anos sob uma chefia extremamente despreparada, falta de limites, cobrança exacerbada por resultados como se não estivéssemos passando por uma pandemia me fizeram adoecer, bem como muitos outros colegas. Mas consegui me reerguer, entender que aquele sentimento de inadequação não era meu, que eu não precisava e não deveria aceitar aquela situação como normal. Comecei a impor limites, a me resguardar, me cuidei física e mentalmente e, por fim, me recoloquei. Hoje tenho uma relação muito mais prazerosa com meu trabalho. Me empenho, me esforço, tenho vontade de crescer e ser reconhecida como uma profissional competente e dedicada. Mas tenho pleno entendimento de que o que faço é trocar minha expertise, esforço e tempo por dinheiro e que não há absolutamente nada de errado nisso.

Meu cargo e a empresa em que trabalho não definem o meu valor como pessoa. Eu sou a Gabriela, amante de animais, louca por documentários, vegetariana, palmeirense, fã de Oasis, esposa e, entre várias outras coisas, atual gerente de treinamento numa multinacional do segmento de vendas diretas. Pode parecer uma atitude mercenária, mas é uma relação honesta e muito mais satisfatória do que vivi em experiências profissionais anteriores. Me sinto muito mais madura profissionalmente e capaz de performar melhor ao enxergar meu trabalho como apenas uma das minhas facetas e ao não depositar nele todas as minhas ambições e expectativas.

Se sua relação com o trabalho ou empresa em que está não é saudável, te convido a olhar sua experiência com novos olhos. E te desejo sabedoria e confiança para mudar essa situação.

Que tal começar 2024 com saúde mental e física em dia e satisfação profissional?

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