Durante o período de transição de carreira, desde que fui desligada em junho de 2017, me candidatei para mais de 100 vagas. No começo não filtrava muito a empresa ou o mercado. Obviamente, não me candidataria jamais para uma vaga na indústria do tabaco, por exemplo. Mas busquei vagas em empresas com as quais não possuía identificação nenhuma diversas vezes. E em quase um ano de busca, fiz apenas uma entrevista, logo nos primeiros meses.

No processo de outplacement eu fiz uma lista das 10 empresas em que mais gostaria de trabalhar. A maioria do segmento beleza ou moda. Mas não surgiram vagas em nenhuma delas. Com o passar dos meses, passei a desenvolver outras atividades – venda de cosméticos, trabalhos de consultoria e parceria num negócio na área de treinamento. Desde então, me candidatei para pouquíssimas vagas, apenas aquelas que realmente faziam sentido com meu momento de vida (prezo qualidade de vida ainda mais hoje em dia), meu desenvolvimento profissional e afinidades/interesses.

Em abril vi uma vaga de Gerente de Educação na empresa número 1 da minha lista de ’empresas alvo’, aquelas em que eu adoraria trabalhar. Sim, uma vaga no segmento do meu interesse, na empresa que eu já admirava, dona de marcas com as quais me identifico, cujos produtos eu uso, e para a área em que eu quero me desenvolver. Me candidatei e aguardei. Dias depois fui contatada por um headhunter que estava responsável por este processo e fiz a primeira entrevista.

Por coincidência, naquele mesmo dia fui contatada por uma headhunter que recrutava para outra empresa e no dia seguinte por mais uma, para uma terceira empresa. Depois de 11 meses sem praticamente nenhuma entrevista, fiz 3 em 2 dias. Me vi parte de 3 processos seletivos diferentes. Além da empresa ‘número 1’, uma das outras duas também estava na minha lista e eu já até havia me candidatado para uma vaga lá, mas sem sucesso. As conversas avançaram e fui informada que não havia passado no primeiro processo. A empresa buscava alguém com experiência no segmento, que eu não tinha. Isto não me deixaria tão triste, caso outra pessoa tivesse sido recrutada. Mas não foi o caso, a vaga foi repostada. Não perdi para outro candidato, perdi para a descrição de cargo.

Restavam dois processos para duas vagas bem desafiadoras e com enorme potencial para o meu desenvolvimento. Mas, apesar de posições similares, as condições eram muito diferentes: uma delas me permitiria ter uma qualidade de vida melhor, a outra me proporcionaria salário e benefícios mais generosos. Confesso que não imaginava ter este ‘problema’ um dia.

Enfim, optei pela qualidade de vida. Trabalhar perto de casa sempre foi uma prioridade para mim, e isto pesou muito na minha decisão. Horários flexíveis e possibilidade de home-office também são muito atraentes, pois posso continuar me dedicando à minha saúde, treinando todos os dias e podendo trabalhar de casa quando necessário. Afinal, a vida acontece independentemente dos nossos planos. E hoje isto pesa mais do que dinheiro na balança.

E assim encerro meu período de transição de carreira. Período riquíssimo, diga-se de passagem. Me cuidei, li muito, aprendi sobre mim e sobre assuntos que eu não tinha tempo para estudar antes, conheci muitas pessoas incríveis, algumas tenho certeza que levarei para a vida toda. Também cresci profissionalmente em diversos aspectos. Aprendi a ser consultora, aprendi a vender, e me tornei minha própria chefe.

Em meados de junho inicio um novo capítulo. Serei Gerente de PPS na divisão de Beauty Care na Henkel. Uma empresa alemã muito grande e tradicional, com um portfólio que engloba desde cola Pritt, até coloração para o cabelo Schwarzkopf – passando por produtos de limpeza como Persil, que não estão disponíveis no Brasil. Estou muito feliz com esta oportunidade de trabalhar no segmento que eu tanto queria, numa empresa que valoriza o funcionário e sua qualidade de vida e que fabrica produtos que eu gosto e uso. E com enorme possibilidade de aprendizado e desenvolvimento.

Às outras duas empresas eu desejo o melhor e espero encontrem os profissionais certos para assumirem estas posições. Continuarei as admirando e torcendo por seu sucesso. E a todos que de alguma forma colaboraram com meu desenvolvimento e minha recolocação – consultores de carreira, coaches, headhunters, amigos que me chamaram para um café ou me ofereceram uma oportunidade, familiares e, especialmente, meu marido que me aguentou 24/7 por quase um ano – meu sincero agradecimento. Obrigada por terem participado deste momento de mudança e crescimento.

Agora coloque aquele hino da Natasha Bedinfield para tocar e encerrar esta leitura no melhor estilo motivacional: