LinkedIn sugeriu que eu compartilhasse o que eu queria ser aos 15 anos de idade. Mas, sinceramente, naquela época eu não sabia quem ou o que eu queria ser pelo resto da minha vida. Eu era jovem demais para isso.

Minha vida se resumia a ir para a escola, voltar para casa e ir para o curso de inglês. Já era quase fluente nesta época, estudava desde os 8 anos. Tinha muita lição de casa e trabalho de escola para fazer, não dava tempo de pensar na vida e na carreira.

Mas aos 15 anos eu fiz minha primeira viagem internacional e sozinha. Não exatamente sozinha, mas com um grupo de adolescentes que eu não conhecia. Fui para a Califórnia estudar inglês por um mês. Era um destes programas de intercâmbio em casa de família e eu não me entrosei com a família escolhida para me receber. Tive que aprender a me virar e resolver esta situação. Fiz amizade com uma adolescente filha de amigos da minha família anfitriã e eles me convidaram para ficar em sua casa. Pronto, problema resolvido.

Também tive que aprender a lidar com dinheiro. Meus pais não podiam me mandar mais dinheiro enquanto estivesse lá, então o que eu levei tinha que durar o mês todo – e não era muito. Consegui economizar o suficiente para fazer e comprar o que eu queria e ainda trazer presentes de volta para algumas pessoas. Mais uma lição.

Meu inglês melhorou muito. Aproveitei o máximo o tempo passado lá e me empenhei para aprender as experessões, gírias e até tentar emular o sotaque. Percebi que eu era a única responsável por meu sucesso. Meus pais pagaram meu curso, mas não podiam me fazer aproveitá-lo. Isto era comigo e só eu podia fazer esta experiência valer a pena. Aprendi a ter comprometimento.

Voltei e nunca mais falei com ninguém que conheci durante esta viagem. Aprendi a não ter apego. Ninguém me deve nada, inclusive amizade. Eu sou a única responsável pela minha felicidade.

Aos 15 anos eu cresci. Aos 16 já tinha um emprego – era telefonista bilingue em um grande banco no Brasil, graças ao meu excelente nível de inglês. Aos 17 entrei na faculdade de prestígio que eu queria e eu mesma pagava pelo curso com o meu salário. Nunca terminei aquele curso. Eu era jovem demais para saber o que eu queria fazer pelo resto da minha vida mesmo aos 17 anos. Mas as lições que aprendi aos 15 me fizeram a pessoa que sou hoje. E, sabe o quê? Tenho muito orgulho de quem eu me tornei.